quinta-feira, 20 de agosto de 2009

DOIS PONTOS SOBRE A ARTE HOJE
por David F.Mendes
Andei pensando sobre a produção brasileira nos anos 90 e no futuro. O cinema é a base do raciocínio, do cinema saem os exemplos, mas acho que o que eu digo pode ser discutido (e acho que vale) em qualquer campo, da literatura ao teatro, da música às artes plásticas.
Aqui está o que pensei.
1) Essa gente dos anos 90 acha que descobriu a América porque "pensa no mercado". Pensam no mercado, sim, mas com uma ambiçãozinha muito modesta pro meu gosto. Quem estudou sabe (mas quem estudou?) que o Cinema Novo foi grande exatamente porque pensava a estética & o mercado. Pouca gente sabe ou se dá conta disso. A proposta do CN era fazer um cinema brasileiro e revolucionário, único no mundo, E instaurar uma indústria cinematográfica brasileira. Os resultados foram desiguais em ambos os fronts, mas a luta (paradoxal apenas aparentemente) era essa.
O tropicalismo é uma lição ainda mais espetacular. Como o CN, os tropicalistas buscavam um paradoxo: máximo de invenção estética e máximo de inserção na cultura de massas. Conseguiram ambas as coisas.
Porque aqueles que acham que pensar no mercado é dar ao público o que ele deseja, até têm razão, mas uma razão pequena, porque o grande mercado acaba sendo conquistado por quem - como os tropicalistas, como os fabricantes dos primeiros pcs, como Graham Bell - dá ao público algo que é muito bom e que o próprio público nem sequer sabia que desejava.
Na nossa geração, o único exemplo bem-sucedido de uma proposta assim que me vem à mente é o Estação Botafogo. Nossos amigos ofereceram ao público alguma coisa que ninguém apostaria que era desejada, e alguma coisa muito boa. Hoje, são um merecido sucesso cultural (indiscutível) e comercial (como marca, o que lhes garantirá o sucesso comercial de fato, eventually). O que eles precisam agora é ousar o próximo passo, que é produzir (mas isso é outra história).
Em resumo, acho que há falta de ambição maior, ambição histórica, à produção de hoje.
2) Os grandes, ambiciosos criadores e movimentos da cultura (não só, mas principlamente) brasileira dos anos 50 e 60 eram ao mesmo tempo artistas e pensadores. É indispensável que seja assim num país como o Brasil, onde a academia é basicamente composta de comentadores mais ou menos medíocres de conteúdos franceses, alemães ou americanos, com raros (se algum) pensadores originais; onde a crítica especializada não dispõe há décadas de espaços adequados de expressão (e por isso quase acabou ou se viu reduzida ao raquitismo). Num país assim é necessário e desejável que os próprios realizadores pensem em voz alta (em voz tão alta quanto possível) o seu fazer. Não sei quem foi que disse que "quem sabe o que é bom em música são os bons músicos", mas concordo plenamente.
De Kandinski a Godard, de Oswald de Andrade a Glauber Rocha, quase toda época-lugar histórico em que se dá um movimento cultural expressivo conta com artistas-pensadores que eletrificam o ambiente artístico.
Um raro exemplo de alguém que busca produzir e pensar o que produz (e que também equaciona com muita propriedade a questão mercado x inovação) é Nelson Hoineff. Ele produz programas populares, como o Documento Especial (que quando de seu lançamento foi radicalmente inovador), e de experimentação (Primeiro Plano) e escreve livros (indispensáveis) em que pensa com precisão e sinceridade o meio em que trabalha, a televisão.
Entre 87, 88 e a primeira metade dos anos 90, produziram-se alguns curtas-metragens interessantes no Brasil. Mais importante que a qualidade dos filmes foi a sua quantidade, a repercussão que essa produção alcançou, e a diversidade de propostas surgidas. Uma coisa lamentável, porém, foi que nenhum dos principais realizadores do período se propôs a pensar em voz alta sobre o que estava fazendo.
Que eu saiba (que eu me lembre), apenas eu mesmo - na Tabu, no JB, na Folha e em publicações especializadas da Associação de Críticos e da Fundação do Cinema Brasileiro - fiz tentativas de pensar essa produção de um ponto-de-vista de realizador (o problema é que àquela época eu ainda era ligeiramente mais crítico que realizador). Claro que outros autores escreveram sobre os curtas (Amir Labaki, Ricardo Cota, Ivana Bentes, entre outros), mas eles sempre o fizeram - porque essa é a posição deles - de um ponto-de-vista (válido e importante) "de crítico", e não - como eu tentava fazer - de um ponto-de-vista de realizador, num diálogo de realizador para realizador.
Por que será que nem os gaúchos, que fizeram mais e melhores filmes nesse período, nem outros realizadores, como Torero, Chiquinho, Tata Amaral e outros a;parecidos nessa época, tentaram ou se propuseram a pensar em voz alta o que estavam fazendo?
Sei lá. Mas o que eu sei é que o cinema brasileiro só irá superar o momento atual - francamente medíocre (os bons filmes não desmentem que a atmosfera é medíocre) - se a produção for pensada por quem a faz, e for sendo refeita à medida que se pensa, por quem faz e pensa.
David F. Mendes
http://www.nao-til.com.br/nao-61/dois.htm
Para a Rosa

Noutro passo quem dissera que lhe almejei mais?
Enganado estes que abrem a bocarra sem dó
De terem a certeza da mentira. Minha mão cortada
Com uma linha sangüínea regozija desfrutando-se
De ti! Grandeza intocável com motivos florais ao
Beijar e carinhoso dilatar do seu beijo! Auréola
Que há é esse âmbar da sua pintura feminina
Aliado dos girassóis infestados de ventania.

O mundo altera de tristeza e gripe; matamos o
Trabalho para contemplar o apocalipse – vejamos
Tudo fazendo genialidades de boca em boca;
Amor chocado por saber ser real, não conto efêmero!
Na natureza, íris! Pretenso advir da sua mensagem
Digitada bestialmente! Proponho ler seus pensamentos;
Chateando-lhe odeio minhas palavras e corpo pululante
De remorso. Odiar o egoísmo tampouco me faz menos egoísta.

Vamos para insonora paisagem estrelada ao meio-dia!
Conversar tecendo tranças no cabelo da filha cantarolando;
Vinda das mãos de Deus terno por ver-nos como perfeição
Do negro das margens dos nossos olhos!
No alforje molduras cintilantes; pinceladas sem saberem
Do eterno que irá se aconchegar no sepulcro! Lá descansaremos
E o caso cinematográfico sofrera por ter sido insofrido!
Como vejo que somos insofridos exceto quando o belo estala!

Saber da cultura dos terraços de café sagrado temperado
Com sinuosidades aventureiras; a filha dos cabelos trigais
Acompanhando o nosso passeio; ela á frente como seis
Formas de beleza – mais você sete consagrado pra sempre!
Primazia galharda e vês formoso empalidecer que deixo
Soltar-se! Sem poder respirar sobre a almofada dos seus morenos
Braços orquestrando o pica-pau dos corações fugazes.
Aqui estamos naturalmente pois a cidade já está morta.

Vivemos nela mas o torniquete não nos deixa olvidar.
Dor imensa; pressa urbana lambendo o rosto de
Qualquer transeunte infeliz. Andar, andar e andar ao
Léu no interior da capital. Lá sabem por acaso dos confins
Vividos? Além deveras estaremos sem promessas transbordando;
Sejamos pinturas ambulantes translúcidas! Insofrido e insonoro amor!
Mas a luminosidade é muito bondosa com vós – é permitida visualização.


A beleza é uma obra de arte, é o amor incondicional, É
a gratidão por amor, é ajuda, a cultura e a loucura
Sagrada! É a arma engatilhada contra a mediocridade,
São os pores-do-sol lúdicos como outrora fomos plenos,
É a humildade mais garbosa e nata.
O belo é a pontualidade em ser feliz no amor.

André siqueira- Para minha mulher Char.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009


Andy Warhol- Pop art

terça-feira, 18 de agosto de 2009

olhos entediados

A casa de praia que você ostenta,
A beira-mar dos grandes artistas não
Fazem-me olvidar a negação que por
Ti foi emitida, e eu ao orelhão quase chorando
De solidão. Repasso minha dor a quem bem
Sabe da evasão dos laços de seda, esvaindo-se com olhos entediados.

É só um querer transmitir o sentimento escasso;
Que ironia, meu Deus! Outrora tão luminoso – hoje
Une os laços de espinhos ao redor do pescoço.
O pulso empalidece quando no banho de repente
Me bate uma vontade de quebrar o vidro da janela,
Atravessando a rua nu feito um louco que adivinha
Onde será sua próxima morada.

Quem quer ajuda. Eu beijo o balcão do meu bem
Na esquina mais aurífera da véspera de natal de
2008. Você não quis me ajudar ao perceber minha
Fome calorenta; se fosse inda quente não mais pensaria
Em desânimo. Na padaria tomo meu chope com borbulhas
Vindas dos estômagos embaçados de tanta amargura dos urubus
Natalinos.

Não quero não me importar comigo, pois virou assunto
Desagradável ver-me resmungão e invejoso dolorido.
Sim! Tenho inveja! Posso morrer de inveja e despeito,
Mas quem quer ajuda e não fica indiferente à fossa de outros
Tantos no orelhão da vida em solidão, indo tragar chopes De amargura e inventando um certo meu bem

lesma do banheiro

Dentro do banheiro algo se mexe,
Vai se rastejando sem vacilar.
Sua viscosidade me faz refém
Por alguns minutos de limoso eflúvio;
Janelas úmidas;
Virações plenas, constantes;
Azulejos mórbidos grudados

Em meus pés largos!
Bosta misturada com urina na borda
Da privada desvairada, que absorve
Paredes de concreto ensolarado.
Quase morrendo
Sinistra e
Colossal..

Lesma do banheiro indolente,
Posso ouvir e não esquecer, lá do teto
Que vai afundando feito areia movediça,
O Rei Lagarto!
Garanto meu dia insolúvel.
Minha antena cresce,
Capta essas aspirações
Densas;

Lesma do banheiro, você deixa meu
Beijo úmido e grave,
Você quebra o espelho que não reflete,
Seu rastro fica na pele que reluz,
Seu rastro pálido eterniza o amanhã.
Lesma do banheiro,
Você desliza-se sobre
O outono;
Crava sua presença no marasmo.

Lesma! Minha deselegante,
Minha insuportável,
Minha inglória
Lesma!

Ele marca esse banheiro e esse dia
Glacial com seu beijo viscoso;
E deitado no azulejo mórbido fico
Olhando para o teto e
Sentindo a baba que cai
E escorre em minha fronte:
A baba do Rei Lagarto.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

pouca balada

Fiz vários calafrios em você tristonha
Pois a ânsia de possuir-me belamente
Tocou o frágil sorriso seu a poetizar.
Pouco importa a macróbia opinião
Sobre juvenil amar que amo nosso!

Nossa fidalga história entretendo
O mundo, que dá vazão ao fel à noite;
Desconhecida ante o vero tapete roxo
E azul! Cores nossas desarvorando o
Terraço fúnebre – enquanto isso um
Porvir próximo nos ama!

É inquestionável a abundância sentida
Por ti descendo a escada da minha perdição,
De insensatez mórbida contrária ao que
Avistamos olhos nos olhos; nus feito
Garças num planalto pênsil sobre têmporas
Em aceleração inexplicável!

Sei da alma oferecida desobediente quando
Queres esvair; peço o pincel para dar-lhe a
Forma que não precisas porém fascinado de
Tanta felicidade faço assim bobo com sua verve
Feminina e enegrecida. Não abaixarei a cabeça

Ao ver a maneira que me emoldura tão humilde,
E eu desejando o galante sonho que por mérito
Lhe dedico! Você cria cena absoluta frente a frente
Ao espelho e nos vemos...
Maquiando te vejo também ao reflexo que me atinge
E atingiria estando onde estivesse...
Sozinho ou não admiro-te mais enquanto perceber
A saudade e pompa do seu “te amo”.
Também imploro perdão sabendo que
Escrevo e falo pouco pelo tanto que és...
Perdão mulher. Perdão.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Procurando o mantra da noite

O que espera essa noite de mim conhecerei
Digno de estranhar-me pelo elemento obscuro
No jantar das pessoas vegetando fora da inteligência;
Dessa vida tenho tudo diante dos meus pés, vejo mais
Ainda sobre o espírito absoluto e o corpo mutável.
Dilacerado desejo ardente nos vitrais do templo reinante
Nessa rua cosmopolita. Procuro agora ditoso e seriamente
Maluco por límpidas atenções febris! Febris! Esta é a palavra
Cortante! Dilacerante vertendo o vinho tinto do crepúsculo
Medonho de mui prazer.
Mais calmo entender sob a sombra do querer-te Amor saltitante;
Pouca emanação doce do homem bruto pelo dobrar de
Raiva, vendo sem sequer ter prometido o que jamais iria cumprir!
Não ponha pra fora escorraçando um cão servil e desastroso
Como qualquer vadio que acaba presenciando a asneira
Suicida dessa era mórbida - burra burra burra burra !........
Vadio e tudo o que quiseres proferir da patética boca;
Vadio sondando a tolice que tanto acabamos por voltar,
Para onde nunca sairemos, ou com certeza, nunca ilesos.
Densidade por densidade simplificando todo o nosso caminhar
Solitário, bobos que somos apaixonantes - e peça noturna
Trágica conhecemos bem, e continuamos a nos deitar com
Vossa graça. E a senhora diz:
Já são dez da manhã vagabundo!

por André Siqueira

sábado, 18 de abril de 2009

Piche Néscio

Vou entrar nas palavras de Rimbaud
Mostrando-lhe minha mandíbula decaída;
Aterrorizando sonos perplexos.
Debruçado ao chão e sentindo policiais
À nossa espera
Com seus verbos sujos.

- Camaradas! Me esperem!
O desgraçado ônibus já vai cruzando
Sobre o Piche Néscio afundando,
Com seus alto-falantes que são caras e bocas.
Sinto o cheiro! Piche Néscio não espera
Com seus sintomas de solidão!

Piche Néscio se estende pela escuridão,
Pelo luar da neurose longínqua,
Na rodoviária de suas vísceras
Estomacais, matinais, marginais, materiais.
Ele não faz questão de esperar;
Piche Néscio!

Nuvens irão passar nos laureando;
Laureando nossos pêlos tórridos,
Sorrisos latinos, flamejando jóias
Escorrendo pelas coxas;
Engendrando nossas libidos;
Instigando frenéticas multidões.
E o Piche Néscio não adormece.

Piche Néscio lânguido e quase moribundo!
Sério sob os pés de seu cortejo
Néscio, mascarado, mas Néscio!
Piche Néscio, mexe bebendo o vício,
Piche Néscio, desce pelo lixo,
Desce pelo nicho feito bicho.

André Siqueira

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Sou não.

Sou não

Sou não da cidade nem do sertão
(caio para mim aqui no chapadão).
Pinho sem asas no menino para o mar
(pincho esbarrando na saudade que veio falar).

Sou não de mãe nem de pai
(arredo se tenho medo que não sai).
Deslealdade pura e sincera das águas
(Paulo disse enquanto eu contemplava as mágoas).

Sou não do homem daqui noite e dia
(cadê a questão? Não aprendi com avó nem tia!).
Falta o fazendo paixão e amizade
(mas comigo li tonto o real e a falsidade).

Sou não juiz dos ventos nem maldito,
Juro em plena estranheza de minha festa,
Sou o filho de minha própria promessa.

Por André Siqueira.

Cosmos


Cosmos

A essência Cosmos nos guarda em perene Êxtase em seu pleno vôo circense.
O espírito cria seus rosais e florais
Que escorrem o Sublime e o Grotesco
Sobre o arco-íris e o beijo incolor
Murmurando e uivando, chorando e gritando.

Vimos a Lua e a sua intuição de mulher
Misteriosa fazendo o cântico de amor na
Instável alma sangrando e sendo coberta
Por ares que dão presságios de Magia
E galgando divinamente em direção de Hermes.

Sua estrela traça com anjos, galáxias
De sonhos raiando na amplidão;
Despontando com furor, exalando o poder solar;
Uma cigana e suas ondas místicas
Abrem portas com chaves astrológicas;
Abrem portas translúcidas

Aonde arcanos se vão e cores nascem se
Propagando, e sentimos o que é coberto...
Pelo celeste frescor e volátil prazer.
Enfatizam o apogeu pomposo que elimina
As cicatrizes profundas,

Que foram machucadas por foices;
Dilaceradas com toda exatidão
E perfeição de uma arma empunhada.
Mãos cercadas por ratos
Na noturna lágrima envenenada
Tocando o chão lodoso.

A bênção é dada na extrema idoneidade
Em jardins onde borboletas paralisam
O instante ininterrupto de volúpias;
Transcendendo o sorriso falso
Para a gargalhada intensa, acariciando
O beijo nostálgico e a transa ideal.

Todo esse perfume penetra no gozo,
Na proteção angelical iluminada,
No rio cristalino com seus peixes
Nadando entre homens e mulheres
Desfrutando sobre o verde augusto.
Resplandecendo o elo dos corpos e almas!

Mudamos esse horizonte medíocre e amargo
Com a força vivaz, elevando a semente
Que se transforma na árvore
Que cresce em nossa mente,
Dando a felicidade mais dispersa;
Libertando as fantasias;

Nas cartas vejo as notas musicais
Brincando com os movimentos do
Meu coração, pulsando com veemência.
Disparo sem direção, controle.
Me tranqüilizo sobre a terra
De raízes, minhas raízes em dias
Sem alma e sem brilho;

Mas elas são novas! Raízes novas!
Cantando a sua música grandiosa
Enquanto durmo no seio da dama.
Caminho sem vacilar com abraços
E proteção, não sei de nada,
Ouço tudo, mas tiro apenas os
Cavalos alados e a dama.

Na simplicidade podemos ficar
Extasiados soltando a dor;
Correndo pela mata com intrépido
Tesão e paixão de cair tranqüilo
No berço singelo da paz;

Necessito mais do que apenas querer
Ser enfeitado com o estandarte natural
Do tempo bom com a alegoria dos
Deuses e deusas sedutores, no eclipse
Do templo universal almejando
E navegando

Com delgada beleza, balsamando
Vultos flamejantes. Louvo a ti!
Renascemos com sangue e poder
Na inquietante energia eterna;
Vem chegando vistosa, mulher misteriosa!
Com sua tempestade única.

Mirras e ágatas infinitas na vertigem
Das sensações lúbricas, banhando leitos
Faceiros sem máscaras pútridas.
O frescor se espalha em minha face
Rompendo uma elite de medo;
Uma angústia nos matando!

As almas se entrelaçando!
Os corpos acariciando o tesão!
Não abaixe a cabeça de cachos louros;
Seu olhar transforma a miséria dos homens
Na louvação pura do Éter.

Sol, venha nos falar da longivitude
Que transparece em sua soberania!
- Galgando o esplendor das galáxias
De nossas paixões, experimentamos
O mais absoluto devaneio de alçar
Na Magia de sua essência:
Cosmos.

POr André Siqueira


"Poema singelo, sereno, e depois cheio de voluptosidade e sensualidade.Tomaria posse dele sem pensar!" By Charlotte Brunna.



Canto Natural

Canto natural

Toda a beleza contempla-se num leito
De voluptuosidade, distante agora dos
Olhos alegres submissos ao breu.
Panegírico não vulgar fiz só, esbanjador
Diluindo o frenesi apaixonado veranista.
Fizeste o ímpeto amor à quem espera
Sons singulares do sonho.

O canto mui natural escurecido luta;
Dele a agressividade perturba o mar
Que uma noite chorei em sua margem;
Pingos d’alva aumentam a melodia da
Melancolia descrita neste canto natural!
Mataria-me suave e jovem de lembrar
O belo destituído de pensamentos prontos
Para quebrarem o coração do momento!

És ser ditoso e como sou também
Não escondendo o retrato cruel que sei
Bem das suas felicidades e formosuras,
Pois das entranhas da Terra vens cear:
Crueldade.
Essa mesma marca digna de se
Levar a sério, deixa a nódoa que vive;
O resto de tudo é verme que tenta sobreviver.

Algum cobertor de flores tomava por inteiro
A dor nascida através do querer primitivo;
E sua graça é inegável já que somos adubadores
De cores e iluminações que às vezes nos
Campos brotam para empalidecerem os vassalos
Não sabidos nem lindos.
Formas indefinidas de ser tranqüilo no quarto,
Dela lhe farão sentir o gosto do corpo pitoresco;

E lhe chamam por seu nome, mas perfeito jamais
Pois atravessa o som dos músicos fortes e bárbaros
Na arte de mostrar uma imitação sem igual.
Dar-lhe-ei aves e perfumes nunca tangíveis para
Esmaltar artífices desconhecidos nos quatro cantos.
Toda a beleza contempla-se num leito;
E o canto mui escurecido vem surgindo para então
Aumentar a melodia da melancolia dita neste
Canto natural.


Por André Siqueira.